sábado, 1 de setembro de 2012

Paulo Leminski

NOMES A MENOS 
    Nome mais nome igual a nome,
uns nomes menos, uns nomes mais.
    Menos é mais ou menos,
nem todos os nomes são iguais.

    Uma coisa é a coisa, par ou ímpar,
outra coisa é o nome, par e par,
    retrato da coisa quando límpida,
coisa que as coisas deixam ao passar.

    Nome de bicho, nome de mês, nome de estrela,
nome dos meus amores, nomes animais,
    a soma de todos os nomes,
nunca vai dar uma coisa, nunca mais.

    Cidades passam. Só os nomes vão ficar.
Que coisa dói dentro do nome
    que não tem nome que conte
nem coisa pra se contar?


VOLTA EM ABERTO 
    Ambígua volta
em torno da ambígua ida,
    quantas ambiguidades
se pode cometer na vida?
    Quem parte leva um jeito
de quem traz a alma torta.
    Quem bate mais na porta?
Quem parte ou quem torna?

Paulo Leminski, Col. Melhores Poemas, Sel. Fred Góes e Álvaro Martins, 6a. ed., São Paulo: Global, 2002, pp. 118-119




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