PATMOS
I
Do limão amarelo surgirá enxofre.
Colunas partidas erguerão seus membros.
Mulheres grosseiras sobre as colunas,
por fim atraindo a atenção do mundo inteiro.
Cães pastores arrancarão as máscaras
exibindo longos dentes e a coroa imperial.
Pássaros incandescidos voarão dos pinheiros
e gigantes pisotearão pobres oceanos.
Virgens descerão com a cabeça da lua
portando mitras envenenadas nas mãos
e com ferventes pinças atacarão nossos olhos.
E plantas desatarão os seus dragões.
É o que está escrito em teu livro.
Compasso nas mãos. Cabelos grisalhos.
Vês no outro planeta como
as gazelas deitam os chifres no universo;
nada acontecerá aos animais,
a epidemia toda é contra nós.
Diz isto também: o fim não é o fim do fim,
por fim abrem-se os portões da cidade
em cuja santidade não há mais templos.
Silêncio.
Que se vejam melhor ainda os tempos de outrora.
Deuses te observam na ilha que habitas
aguardam teus sinais
artistas recordam tuas lágrimas.
Aquele que te exilou aparece de vez em quando
toga esfarrapada sobre a caverna,
acena para que continues a desaparecer,
e todas as semanas das nuvens mão
aperta as tuas mãos,
Ninguém enxerga o vulto dessa visita.
Que todos escrevam segundo a tua escrita.
Foste jovem esguio, hera alborescente sobre os flancos e
agora tens dorso largo como as tábuas da lei
e o peito sonoro como uma ode da Pítia
teus ombros são penhascos arrancados sobre Delfos.
Miodrag Pávlovitch, Poetas do Mundo, Bosque da Maldição, Trad. Aleksandar Jovanovic, Brasília: Editora UNB, 2003, p. 79-80.
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