E EU ME CURVO DE DOR
Teus rebanhos se multiplicam
em doce alvura pelo sem fim,
teares trabalham dia e noite,
urdindo mantos de inverno.
E eu me curvo de frio.
Espigas silenciam de tão pesadas,
abelhas dançam música
nos ramos floridos,
o mel transborda nas Tuas medidas.
E eu me curvo de fome.
Em tuas arcas refulgem
braceletes, diademas, pérolas,
que ninguém pode contar.
E eu me curvo de dor,
porque levaste
o pequeno aro de ouro da minha mão.
DE ONDE O LAMENTO?
Tão próximo este mar,
grande a noite que desceu,
treva única, murmurante.
Onde a montanha,
o barco,
papagaios que dançavam cores
em hastes invisíveis?
Ondas da noite?
Ondas do mar?
Abismos de sombra,
estrelas paradas,
abismos humanos,
angústias somadas.
De onde o lamento?
Navio fantasma
levou tantos sóis
levou tantos sonhos,
levou o que era
de muito guardar...
Levou o anel
de nome gravado,
levou os vestidos
tecidos de prata.
De onde o lamento?
Da noite ou do mar?
Das praias de hoje,
da serra longínqua,
dos velhos telhados?
De onde o lamento,
ninguém saberá.
Mystica poesia, poemas reunidos, ed. José Hipólito de Faria, Belo Horizonte, 2003, pp. 136-137
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
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