segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Madeleine Delbrêl

SENHOR, CONVIDA-NOS PARA DANÇAR
Muitos santos sentiram vontade de dançar,
tão contentes estavam de viver.
Santa Teresa de Ávila com suas castanholas, 
São João da Cruz com o menino Jesus nos braços,
e São Francisco de Assis diante do Papa,
Se estivéssemos contentes contigo,
Senhor, não conseguiríamos resistir a essa vontade de dançar...

Penso que, às vezes, estejas farto disto:
de pessoas que falam de servir-te, com ares de comandantes,
de conhecer-te, com ares de professores,
de te atingirem, com regras de esporte,
de te amarem, como se ama um casal de velhos.
Um dia em que sentias vontade de outra coisa,
inventaste São Francisco e fizeste dele teu jogral;

Senhor, vem convidar-nos,
estamos prontos a dançar em nossa caminhada,
dançar estas contas, este jantar a preparar,
esta vigília em que teremos sono...
dançar, por teu amor a dança do trabalho,
e a do calor, e depois, a do frio.
Se certas árias são em tom menor,
nós não diremos que são tristes,
se outras nos deixam um pouco sem fôlego, não diremos que são de arrasar.
E se um ou outro nos esbarra, não faremos caso,
sabendo que é assim quando se dança.

Dá-nos viver nossa vida,
não como um jogo de xadrez, onde tudo é calculado,
não como uma competição onde tudo é difícil,
não como um teorema que nos quebra a cabeça,
mas como uma festa sem fim,
onde nosso encontro se renova,
como um baile,
uma dança,
entre os braços da tua graça,
na música universal do teu amor.

[As mais bela orações de nosso tempo, Seleção, tradução e apresentação Frei Raimundo Cintra e Rose Marie Muraro, 2a. ed. Rio de Janeiro, Ed. José Olympio, 1973, pp. 60-61].

Sobre Madeleine Delbrêl

Henri Matisse

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