E espalha os odores pela casa onde habitas, meu Deus. (Etty Hillesum)
Olhai o jasmim como cresce
Entre o muro lamacento e o
telhado,
Como continua a florir no meio dos campos gelados -
Nem o lírio dos Evangelhos
Nem a rosa branca de Rilke
Em todo o seu esplendor se vestiu como um deles.
O Amor e Depois, São Paulo: Ed. Iluminuras, 2012, p. 89
CAMPO DE CASSIANAS
Eterna a tua juventude sobre a mesa
Que abdicou do triunfo sem orgulho
De todos nós que sobrevivemos
A pelo menos um desconsolo mortal.
Eterno o teu corpo adolescente
Se oferecendo num banquete divino,
Sendo envolvido, devorado lentamente,
Atraído por uma forma indestrutível de virtude.
Na tua imagem um sem-fim de sutilezas
Que não se apagam por falta de emoção,
Senão o contrário, que abrasam, que fustigam
Com uma beleza que nunca nos pediu retribuição.
É no mármore o teu busto querendo ser tocado
É no torpor à sombra de uma grande asa
Em um dos bíblicos jardins do oriente
A idade da inocência em que tua vida se calou.
Como a cada ano os lírios, os gladíolos,
Os cravos e os crisântemos, todos brancos,
Também o teu nome rebenta e se multiplica
Num imenso campo mágico de cassianas.
Ibidem, p. 45
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