Acima dos lagos, acima dos vales,
Das montanhas, dos bosques, das nuvens, dos mares
Para além do sol, para além dos éteres,Para além dos confins das esferas de estrelas,
Meu espírito, tu moves-te com agilidade,
E, como um bom nadador que desfalece na onda,
Sulcas jubilosamente a imensidão profunda
Com uma indescritível e viril volúpia.
Voa para bem longe desses miasmas mórbidos;
Vai purificar-te no ar celestial,
E bebe como um puro e divino licor,
O fogo claro que enche os espaços límpidos.
Por detrás das atribulações e das vastas angústias
Que carregam com seu peso a existência sombria,
Feliz aquele que pode com uma asa vigorosa
Lançar-se até aos campos luminosos e serenos;
Aquele, cujos pensamentos, como cotovias,
Aos céus na manhã tomam um voo livre,
- Quem plana sobre a vida, e compreende sem esforço
A linguagem das flores e das coisas mudas!
Élévation, in “Les Fleurs du Mal”
Tradução de Ana Pinto
[In Fonte de Hipocrene - Poesia de temática clássica e arqueológica, grupo do Facebook]
Sobre CHARLES BAUDELAIRE
juan carlos boveri |
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