Mas que procuram elas, nossas almas, viajando assim
Sobre
pontes de barcos arruinados,
Empilhadas entre mulheres pálidas e crianças que choram,
A quem não distraem nem os peixes voadores
Nem as estrelas
assinaladas pelas pontas dos mastros;
Almas gastas pelos discos dos fonógrafos,
Ligadas sem o querer a inoperantes peregrinações,
Murmurando em línguas estrangeiras migalhas de pensamentos?
Mas que procuram elas, nossas almas, viajando assim
De porto em porto
Sobre cascos apodrecidos?
Deslocando pedras lascadas, respirando
O frescor dos
pinheiros mais penosamente cada dia,
Nadando ora nas águas de um mar,
Ora nas de outro mar,
Sem contato,
Sem homens,
Num país que não é mais o nosso
Nem tampouco o vosso.
Sabíamos que elas eram belas, as ilhas
Nalguma parte perto
do lugar onde vamos às cegas,
Um pouco mais baixo, um pouco mais alto,
A uma distância ínfima.
[In Mitologia, In Poemas, Rio de Janeiro: Ed. Opera Mundi, 1973, trad. Darcy Damasceno, p. 59].
[In Mitologia, In Poemas, Rio de Janeiro: Ed. Opera Mundi, 1973, trad. Darcy Damasceno, p. 59].
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