O AMOR
REDIVIVO
Se existe de fato, não se sabe.
Se poderá de novo ser tocado.
Por enquanto, interessa apenas
Esta música torrencialmente
nua,
Puro lamento d’água.
Não se está pronto a conquistá-lo.
O alimento de hoje e cada dia,
Mentira, orgia, náusea.
Ainda não há quem o mereça.
Onde vive, se vive, não se sabe.
Talvez se esconda sob um ninho,
Ou num rio há tempos congelado,
Com tudo o que ali está suspenso,
Ou no ponto mais alto da montanha,
Coberto pelo fumo da
neblina.
Aqui ou alhures, não se sabe.
Nada a fazer do peito retraído,
Da boca seca de gemidos, pupila estagnada.
Voltar às origens
ninguém volta
Para redescobrir a alma na carne.
Foram os outros que o mataram,
Ou fomos nós, isso já pouco vale.
Por enquanto, só esta música, esta água.
E um certo mal-estar que não se explica,
O vazio de nos sentirmos perdoados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário