Gazel I
De amor, criei (incriado)
este jardim secreto
de rosas
fechadas em seu tédio
e espero
aquele que virá e há de decifrar
hieróglifos de ternura
desenhados
pela lua em meu corpo - seu legado.
O amado pedirá em minha boca
o segredo desvendado a todas as
perguntas.
Eu lhe responderei sem palavras
mas com o perigoso silêncio parecido
ao rumor da água caindo
sem cessar.
Belém, julho 1953
Gazel II
Chamo-te-, Amado
com voz abstrata
alongada no jardim onde me esqueço
sob a lua porque verta em
minha forma
o sortilégio dessa cor fantástica
com que esperar-te.
Chegas e há fugas
de sombras e silêncios eleitos
para teu
alto redor.
Vais: foge contigo
o vento levando os últimos sons
de folhas
machucadas e na relva
meu corpo ainda
iluminado.
Belém, julho 1953
Sobre Olga Savary
In Repertório Selvagem, Obra Reunida, Rio de Janeiro: MultiMais editorial, 1998, p. 34-35
In Repertório Selvagem, Obra Reunida, Rio de Janeiro: MultiMais editorial, 1998, p. 34-35
Alba Lavermicocca |
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