sábado, 6 de julho de 2013

William Blake

O Tigre
Tigre, tigre, flamante fulgor 
Nas florestas de denso negror,
Que olho imortal, que mão poderia 
Te moldar a feroz simetria?

Em que altura ou abismo sem par 
Ardeu o fogo de teu olhar?
Com quais asas sobe ele ao que clama? 
Quais as mãos que seguram a chama? 

Qual ombro poderia, ou qual arte,
Essas fibras do peito forjar-te?
E, ao pulsar desse teu coração,
Que pés horrendos, que horrenda mão?

Qual o martelo? Qual a corrente?
Que fornalha fundiu tua mente?
Qual a bigorna? Os punhos são quais, 
Que atenazam terrores mortais?

Quando os astros, inermes de espanto, 
Salpicaram os céus com seu pranto,
Por acaso sorriu teu obreiro?
Quem te fez, fez também o Cordeiro?

Tigre, tigre, flamante fulgor 
Nas florestas de denso negror,
Que olho imortal, que mão ousaria 
Te moldar a feroz simetria?

In William Blake, Poesia e Prosa Selecionadas, trad. Paulo Vizioli, São Paulo: Ed. Nova Alexandria, 1993, p. 55

Sobre William Blake

John Frederick Lewis


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