O Tigre
Tigre, tigre, flamante fulgor
Nas florestas de denso negror,
Que olho imortal, que mão poderia
Te moldar a feroz
simetria?
Em que altura ou abismo sem par
Ardeu o
fogo de teu olhar?
Com quais asas sobe ele ao que clama?
Quais as mãos que
seguram a chama?
Qual ombro poderia, ou qual arte,
Essas fibras do peito forjar-te?
E, ao pulsar desse teu coração,
Que pés horrendos, que horrenda mão?
Qual o martelo? Qual a corrente?
Que fornalha fundiu tua mente?
Qual a bigorna? Os punhos são quais,
Que atenazam terrores
mortais?
Quando os astros, inermes de espanto,
Salpicaram os céus com
seu pranto,
Por acaso sorriu teu obreiro?
Quem te fez, fez também o Cordeiro?
Tigre, tigre, flamante fulgor
Nas florestas de denso negror,
Que olho imortal, que mão ousaria
Te moldar a feroz
simetria?
In William Blake, Poesia e Prosa Selecionadas, trad. Paulo Vizioli, São Paulo: Ed. Nova Alexandria, 1993, p. 55
Sobre William Blake
In William Blake, Poesia e Prosa Selecionadas, trad. Paulo Vizioli, São Paulo: Ed. Nova Alexandria, 1993, p. 55
Sobre William Blake
John Frederick Lewis |
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