Isso sempre me pareceu evidente.
O deserto é, antes de tudo, a perda do rosto.
A imagem, em sua muda violência, é sonora.
Ela coage a perfeita escuta: a do infinito, da eternidade,
do Tudo tornado novamente o Nada;
pois é a partir desse Nada teimoso, envolto de silêncio que,
de ora em diante, veremos e ouviremos.
Um rosto emerso de sua ausência. Desenhado à medida que
esta o descreve.
Ousaremos fixá-lo? Não, jamais o poderíamos.
Todos esses rostos me falam. Eu os reconheço.
Vindos dos mais longínquos, como se o infinito se entrea-
brisse.
A solidão é povoada.
In DESEJO DE UM COMEÇO, ANGÚSTIA DE UM SÓ FIM, A MEMÓRIA E A MAO - UM OLHAR, São Paulo, Lumme Editor, trad. Armanda Mendes Casal & Eclair Antonio Almeida Filho, 2013, p. 148.
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