quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Rainer Maria Rilke

LEDA
Quando o deus revestiu sua figura, 
surpreendeu-se de achar tanta beleza 
no cisne e se deixou perder na alvura. 
Mas logo se aprestou à sua empresa,

antes ainda que da sua presa 
provasse as sensações. A que se abria 
compreendeu quem no cisne se encobria. 
Soube que demandava com presteza

algo que a resistência de sua mente 
não pôde mais deter com arma alguma. 
O deus, vencendo a mão desfalecente,

cingiu a amada num coleio-abraço, 
sentiu o próprio corpo, pluma a pluma, 
e só então foi cisne em seu regaço.

In Augusto de Campos, Coisas e Anjos de Rilke, São Paulo: Perspectiva, 2013, p. 205

LEDA E O CISNE
Leonardo da Vinci

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