LEDA
Quando o deus revestiu sua figura,
surpreendeu-se de achar
tanta beleza
no cisne e se deixou perder na alvura.
Mas logo se aprestou à sua
empresa,
antes ainda que da sua presa
provasse as sensações. A que se
abria
compreendeu quem no cisne se encobria.
Soube que demandava com presteza
algo que a resistência de sua mente
não pôde mais deter com
arma alguma.
O deus, vencendo a mão desfalecente,
cingiu a amada num coleio-abraço,
sentiu o próprio corpo,
pluma a pluma,
e só então foi cisne em seu regaço.
In Augusto de Campos, Coisas e Anjos de Rilke, São Paulo: Perspectiva, 2013, p. 205
LEDA E O CISNE Leonardo da Vinci |
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