ESCRITO À RÉGUA
O poema sustenta o universo
Como um
equilibrista
Muito breve
Ancorar o sentir
em instrumento certo e
objetivo:
um quilômetro agora de palavra,
depois a solidão enumerada,
e em frente:
o quase
abismo
Sem guia modelar,
subir a pulso
os mil degraus do verso,
e não voltar
atrás:
Pela última vez,
medir periferia do olhar:
quarenta mil centímetros,
o mesmo que dizer
quarenta metros
de uma escala exata
No fim,
lançar a régua contra o vento,
lançá-la em direção
à nuvem mais distante
E ter aos pés
coisas que tinha antes:
mandrágoras, dragões,
ligeiríssimo grifo arrebatado,
uivante
sílaba -
In Vozes, São Paulo, Iluminuras, 2013, p. 57
O COLOSSO GOYA |
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