segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ana Luísa Amaral

ESCRITO À RÉGUA
O poema sustenta o universo 
Como um equilibrista
Muito breve

Ancorar o sentir 
em instrumento certo e 
objetivo:
um quilômetro agora de palavra, 
depois a solidão enumerada, 
e em frente:
o quase abismo

Sem guia modelar,
subir a pulso
os mil degraus do verso,
e não voltar
atrás:

Pela última vez, 
medir periferia do olhar: 
quarenta mil centímetros, 
o mesmo que dizer 
quarenta metros 
de uma escala exata

No fim,
lançar a régua contra o vento, 
lançá-la em direção 
à nuvem mais distante

E ter aos pés 
coisas que tinha antes: 
mandrágoras, dragões, 
ligeiríssimo grifo arrebatado,

uivante
sílaba  

In Vozes, São Paulo, Iluminuras, 2013, p. 57

O COLOSSO
GOYA




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