sentei-me na folhagem deste dia sem muralhas, desfiei o
pólen do teu abraço imaginário, decantei o sorriso como cerzideira dos ramos,
fendas que são os dedos sobre a palavra a esvoaçar qual pétala que te colho do
chão. e depois sobra-me um vulto, a ser ordem do afecto,
desordem dos flancos fosfóricos, coisas incisas
e indóceis onde o tempo se demora e eu me atraso a ser
ressalva, como se chagall fosse mais lírico que onírico ou nervo estridente, é
que no chão de hoje a rosa que era só pálpebra fez-se presença latejante. por
isso esta mensagem ou apenas carta de narrar, andamento heterónimo de todas as
pausas.
[In As Lágrimas Estão Todas Na Garganta do Mar, Lisboa: Arcádia, 2010, p. 389]
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