segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Juan Ramón Jiménez

VENDAVAL
Ó sino de França, choras 
pelas amadas de Espanha? 
Todas mortas... Todas vivas, 
enterradas em minh´alma.
Comigo estão todas, ai!
E eu, tão só entre tantas.
E como choras, com elas, 
por mim, ó sino de França.
Estala abril. As glicínias, 
como almas, se levantam 
para o céu; minhas tristezas 
se levantam como almas; 
minhas almas, todas olhos, 
azuis e negras... Ó sino, 
sino, sino, sino, chora 
pelas amadas de Espanha.
Ah, como olhavam; e como
beijavam, como falavam!
E seus olhos se fecharam, 
suas bocas já não falam, 
já não beijam; pois se voltam 
para outros, seus olhares, 
pois inflamam outros lábios 
e dizem outras palavras.

In Carlos Drummond de Andrade - Poesia Traduzida, São Paulo: Cosac Naify, 2011, p. 189


Hendrick van Anthonissen



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