VENDAVAL
Ó sino de França, choras
pelas amadas de Espanha?
Todas mortas... Todas vivas,
enterradas em minh´alma.
Comigo estão todas,
ai!
E eu, tão só entre tantas.
E como choras, com elas,
por mim, ó sino de
França.
Estala abril. As
glicínias,
como almas, se levantam
para o céu; minhas tristezas
se levantam como almas;
minhas almas, todas olhos,
azuis e negras... Ó sino,
sino, sino, sino, chora
pelas amadas de Espanha.
Ah, como olhavam; e
como
beijavam, como falavam!
E seus olhos se fecharam,
suas bocas já não falam,
já não beijam; pois se voltam
para outros, seus olhares,
pois inflamam outros lábios
e dizem outras palavras.
In Carlos Drummond de Andrade - Poesia Traduzida, São Paulo: Cosac Naify, 2011, p. 189
Sobre JUAN RAMON JIMÉNEZ
Hendrick van Anthonissen |
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