Anti-Elegia N° 3
As magnolias avançam com um ímpeto inesperado
São ombros nus é o luar o vidro de veneno
Deve haver um homicídio uma pergunta à esfinge
Um ultimato ao sonho um arroubo
do universo.
À meia-noite em ponto bate o mar na varanda
É impossível deixar
de acontecer alguma coisa
Há uma espera vã — raptaram as nebulosas.
Canção
Vejo as nuvens decotadas
Ouço o murmúrio
do mar
Palpo a matéria de pedra
Espero a amada voltar.
Desespero... espero em vão.
Este céu que não acaba
E esta amargura que me faz
viver,
Que vem soprando desde a eternidade.
Delírio Divino
O lirismo de Deus aumenta súbito
Oscila o infinito nas bases
Metafísica da física
Brota uma violeta nos anéis de
Saturno
Alguém desfolha um ciclone
Os aeromoços corteses
Penteiam a cabeleira das filhas do demônio
Deus com fome
Mata um homem e come.
In Os Quatro Elementos, Poesia Completa e Prosa, Ed. Nova Aguilar: Rio de Janeiro, 1994, pp. 380-381].
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