O ARQUITETO E A BAILARINA
Como um compasso
as pernas de aço abertas
Primeiro uma perna no chão
a outra perna na barra
Depois a troca das duas
pontas da sapatilha
Com os pés em ponta ela faz
aquilo que ele lhe ensina
O compasso nas mãos que o seguram
se abre e desenha um
círculo
No umbigo ele a beija com a língua
como ajusta um parafuso
Sem exasperar a pressão
insiste e abre caminho
Avança seguro e cego —
na reta o ponto de fuga
Depois com mãos que arquejam
desenha a planta do
mundo.
[In Vesúvio, São Paulo: Companhia das Letras, 2011, pp. 66-67].
Nenhum comentário:
Postar um comentário