Amei. É incompreensível como o tremor dos álamos.
Extraviei-me mas sei que amei.
Vivia num ser e o seu sangue reunia-se ao meu sangue e a
música envolvia-me e eu próprio era música.
Agora,
quem é cego nos meus olhos?
Umas mãos passavam sobre o meu rosto e envelheciam
lentamente. Que foi viver entre feridas e sombras? Quem fui nos braços da
minha mãe, quem fui no meu próprio coração?
Só aprendi a esquecer e a ignorar. É estranho.
No entanto o amor
habita o esquecimento.
In Oração Fria, Antologia. Sel., trad., introd. e posf. de João Moita, Lisboa, Assírio & Alvim, 2013, p. 285
Paul Cézanne |
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