FILHO
PRÓDIGO
Um animal
De grata obediência
Fui criado.
Sempre os teus favores,
A tua pontualidade,
Minha pele macia
Sem rastro de batalha.
Pai, eu era fraco:
Teu amor me apequenava.
Ver à distância
Eu via apenas por metáfora.
Não me punha em risco,
Não sabia errar.
A mesa dos teus mandamentos
Onde todos comiam,
Eu definhava.
Difícil partilha dos bens,
Ser o herdeiro
De tua audácia e desertar.
Perdido
Estranhei meu nome,
Fui jogador,
Do teu ouro fiz jorrar
A noite alta.
Pai, eu descobri a fome.
No descampado sob o sol
Amei e fui triste,
Me inventei como se inventam
Os donos de uma
história.
Mais difícil que partir
Eu volto, eu te devolvo
Meu rosto endurecido
Mediante um coração em liberdade.
E festejamos juntos
E devoramos juntos
A morte do novilho
cevado.
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