segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Ruy Cinatti

DÁLIA
Digo: Dália!
«E as dálias, rechonchudas, plebeias, dominicais»
avançam,
senhoras de meia-idade muito atarefadas mas com tempo
[muito para uma conversinha
em que se fala de tudo e nada e muito maldizer, sobretudo a
[coscuvilhice
e a «nossa» vida — credo! — é uma macacada.

Digo: Dália!
E agradeço os plebeísmos de Manuel Bandeira,
o mais fino poeta do Brasil,
ele que é avô do que ainda é novo em Portugal.

Digo: Dália!
Dálias, afinal.
Se as dálias não fossem tão lindas,
a vida seria um enjoo
e nenhum gatinho faria pipi

«com gestos de garçon de Restaurant-Palace...»

[In 56 Poemas, Lisboa: Relógio D´Água, 1992, p. 31]



Nenhum comentário:

Rosa Alice Branco

  A Árvore da Sombra A árvore da sombra tem as folhas nuas como a própria árvore ao meio-dia quando se finca à terra e espera co...