— Guarda-me a mim, disse o pescador
(de arrastão) ao despedir-se
de uma conversa entrecortada a medo,
em cada um sublinhando elos sagrados.
— Guarda-me a mim, guarda-me tu, irmão,
que me apertaste o antebraço com força
e leva-me contigo por mares bravios
onde arriscas a vida, a tua sofredora alma e brinca com ela
como se nos amássemos no mesmo chão, juntos.
6/11/76
FEZADA
Eu vi a Cristo num país de assombro
onde rapazes proclamam alto o Teu nome,
boca alta, sem nenhum atavio,
que os leve a jogar ao esconde-esconde.
Eu vi e fiquei pávido, pasmado,
como ancorado num cais um navio novo
e dei comigo a cantar — Louvo-te Senhor,
neste meu país, Portugal de assombro,
com os três rapazes que Daniel cantou,
afagando ele a boca aos leões.
E agora procuro-os, penso neles,
a coisa mais natural do mundo
e desafio a que me procurem
onde Jesus andou com as criancinhas,
os pobres e os privados do seu Nome.
8/7/76
[In 56 Poemas, Lisboa: Relógio D´Água, 1992, pp. 62-63].
Emad Rizk |
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