O DIA FINAL
É véspera da passagem
do ano velho
e como os primos distantes
que se reconhecem
só nos dias de ceia
(mas calorosamente)
aqueles deveres vitais
de resolver as falhas
no amor e na moral,
por inteiro, reaparecem
(calorosamente)
prometendo a solução
que não há.
E como o peru grávido
de passas e de bom cheiro,
o peru da ceia
a que vão os primos,
chegam os projetos de hoje,
estelares,
na poesia, no suicídio,
e são tantos
que estão fora de pauta
em bombardeio
na mira da página branca
- é um salto ágil
para cima do muro
para as telhas de casa
para um rabo de nuvem
para os confins do céu
para além do mundo.
Esse ano terminando,
incandescemos:
como a chama de um dia
que treme até à tarde
e pousa rápida, grafite.
[In Trajetória de Antes (1999), pp. 73-74]
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
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