CONDOR
Noite plena
Ele paira sobre o futuro
E não lhe pesa um século
Mais do que um instante.
Sangue do sangue
De cordeiros e lobos,
Ele, paciente como a terra
Que ama a vida unânime
E torná-la seu corpo.
Em outros tempos
Sonhavam em suas asas
Homens no topo da montanha.
Na pedra rasgaram seu voo,
No préstito das honras.
Extinto das alturas, malvisto
Ladrão dos que já não sonham,
Ainda se abre em cruz
O dramaturgo.
[In Dicionário Amoroso da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, Casa da Palavra Produção Editorial, 2009, p. 27]
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