quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Paul Auster

CLANDESTINO
Lembra hoje comigo — a palavra
e a contrapalavra
de testemunho: aurora tátil, emergindo
de meu punho cerrado: a garra
ciliar do sol: o trecho de trevas
que escrevo
na mesa do sono.

Agora
é o tempo por-vir.
Tudo que vieste
levar de mim, leva
de mim agora. Não
esqueças
de esquecer. Enche
teus bolsos de terra,
e sela a boca
de minha gruta.

Foi lá
que minha vida
sonhou-se um sonho
de fogo.

[Fonte: Todos os poemas, Tradução e prefácio de Caetano W. Galindo, São Paulo, Companhia das Letras, 2004, p. 277].


Paul Cézanne



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