PRISÃO DA PALAVRA
Olho redondo entre as barras.
Pálpebra de animal cintilante
rema para cima,
libera um olhar.
Íris, nadadora, sem sonhos e triste:
o céu, cinza-coração, deve estar próximo.
Inclinada, no bico de ferro,
a limalha fumegante.
No sentido da luz
adivinhas a alma.
(Se eu fosse como tu. Se fosses como eu.
Não estaríamos
sob um mesmo alísio?
Somos estranhos.)
Os ladrilhos. Por cima,
uma junto à outra, as duas
poças cinza-coração:
dois
bocados de silêncio.
[In CRISTAL, trad. Cláudia Cavalcanti, São Paulo, Iluminuras, 2011, p. 71]
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
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