segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Rainer Maria Rilke

A MORTE DO POETA
Jazia. A sua face, antes intensa,
pálida negação do leito frio,
desde que o mundo e tudo o que é presença,
dos seus sentidos já vazio,
se recolheu à Era da Indiferença.

Ninguém jamais podia ter suposto
que ele e tudo estivessem conjugados,
e que tudo, essas sombras, esses prados,
essa água mesma eram o seu rosto.

Sim, seu rosto era tudo o que quisesse
e que ainda agora o cerca e o procura;
a máscara da vida que perece
é mole e aberta como a carnadura
de um fruto que no ar, lento, apodrece.

[In Augusto de Campos, Coisas e Anjos de Rilke, São Paulo: Perspectiva, 2013, p.105]





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