quinta-feira, 6 de março de 2014

Antonio Gamoneda

A luz ferve debaixo das minhas pálpebras.

De um rouxinol absorto na cinza, das suas negras
entranhas musicais, surge uma tempestade. Desce o
pranto às antigas celas, observo chicotes vivos

e o olhar imóvel das bestas, a sua agulha fria no meu
coração.

Tudo é presságio. A luz é a medula da sombra: os
insectos vão morrer nas bugias do amanhecer. Assim

ardem em mim os significados.

[In Oração Fria, Antologia. Sel., trad., introd. e posf. de João Moita, Lisboa, Assírio & Alvim, 2013, p. 217].

By Sergey Andriyaka


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