A pólvora já tinha sido inventada, a Bastilha posta abaixo
e o czar fuzilado quando eu nasci. Embora não me res-
tasse mais nada por fazer, cultivei ciosamente a minha
miopia para poder investir contra moinhos de vento.
Eles até que foram simpáticos comigo e os de minha ge-
ração. Fingiam de gigantes, davam berros horríveis só
para nos animar a atacá-los.
Faz muito tempo que os sei meros moinhos. Por isso os
derrubei e construí em seu lugar uma nova Bastilha.
Vou ver se escondo agora a fórmula da pólvora e ar-
ranjo um outro czar para o trono.
Quero que meus filhos comecem bem a vida.
[Prosas seguidas de Odes Mínimas, São Paulo:Companhia das Letras, 2010, p. 49]
Faruk Koksal |
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