segunda-feira, 14 de abril de 2014

Ailton Volpato

ARBÓREO
A árvore e os seus ramos
espalhados sobre o lago -
era vivo o músico morto
ou estava no erro a peça
última de sua obra, como
boia singrando cerrada
por ondas (in)ventadas?

arbóreo fora o peito do mundo,
selvagem como a voz dos ventos
arrombando as janelas da infância -

a árvore que via, quixoteana memória,
montava a cavalo com a lança desembainhada
riscando o trajeto em seus trejeitos:
eram caminhos sobre espantos,
raízes atravessadas nos olhos;

ninhos eras órgãos engendrando vida,
ensaiando voos

litania clássica - ainda me arrependo -
e a videira me estende seus sarmentos.

(Inédito. Proibida a reprodução)


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