O encanto é seu espelho. O doce espelho
que guarda do outro lado a mão que o toca,
mas não permite o ganho de contê-lo.
Pois é estranho como num só dia
nascem a alegria e o sofrimento,
e a pétala do bem também é o mal
que se resfria ao toque do metal.
A vida é este encontro mas também
é afastamento: o pão que agora é doce,
amanhã é o amargo do centeio,
e a tal proximidade desse espelho
faz crescer a vontade que faz mal...
A sede deste encanto não sacia,
pois feito o pão do amor também é sal.
[In A Quarta Cruz, Rio de Janeiro: Topbooks, 2009, p. 45]
Marsden Hartley |
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