Harmonioso é o voo dos pássaros. Nos prados cristalinos dos cervos, os verdes bosques se encontram ao crepúsculo em torno às cabanas silenciosas.
A escuridão torna mais tênue o murmúrio das águas. Úmidas sombras surgem
e, melodiosas no vento, também surgem as flores do verão.
Anoitece na cabeça do homem pensativo e uma chama de bondade arde no seu coração.
Serenidade da ceia: o pão e o vinho são abençoados pelas mãos de Deus
e, silenciosamente, teu irmão, com seus olhos noturnos, descansa dos caminhos espinhosos.
Ah viver no azul e no espírito da noite.
Nos quartos, o silêncio cerca de ternura a sombra dos antepassados,
os martírios avermelhados, o lamento de uma estirpe
que, piedosa, se extingue com o seu último descendente.
No umbral de pedra o enfermo desperta das negras horas da loucura
e lhe cercam o fresco azul, o luminoso declinar do outono,
o sossego da casa e as lendas do bosque.
Esta é a medida e o preceito, assim são os caminhos lunares
daqueles que fogem à proximidade da morte.
[In Esta luz, Poesía Reunida (1947-2004), Barcelona, Círculo de Lectores, S.A./ Galaxia Gutenberg, 2010, pp. 571-572].
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