(fora de tempo)
de nada te serviu o deslumbre a fome a mirra a fuligem o ouro o vestido o emaranhado das silvas nos cabelos mercuriais nem os seios incontinentes a caírem das árvores como nêsperas cadavéricas nem as cartas aos amigos nem o retrato de vénus em focagem ácida para disfarçar o mal maior da mentira menor. de nada serviu seres o servo disponível e atento como o vento do norte a ser agenda sem data marcada para o passado. porque o presente é um poço onde a tensão da água se sente mar profundo povoado de mistérios e mostrengos. a cada momento foste pombo de correio sem asas e cavalo altivo de pupilas elípticas e palavras elásticas que davam para tudo e para todos e para o futuro. e porém de nada te serviu o fértil envio de metáforas caídas como anjos crucificados no pó. ossos geometricamente calcinados por um punhado de sirenes agudas mesmo ao centro da garganta antes ave agora muda. que nunca mudará nem a honra nem a memória. _______________________ agora sim finalmente fora de qualquer tempo.
em nome de todos os muros. que nada nem ninguém é justificável. apenas pobres heterónimos. fascinação de todos os fins.
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