Afinal, tudo que há de mais nobre e mais puro
Neste mundo de sombras e aparências
Fui eu quem revelou ou concebeu...
Fui a primeira luz neste planeta obscuro!
Fui a suprema voz de todas as consciências!
Fui o mais alto intérprete de Deus!
Dei alma à Natureza indiferente,
Inteligência às cousas, sentimentos
Às forças cegas e automáticas do Cosmos!...
Acompanhei e dirigi os povos
Na sua eterna migração para o Poente:
Levantei os primeiros monumentos
E os primeiros impérios milenários:
Teci as grandes lendas tutelares,
Despertei na memória das criaturas
A sua antiga tradição divina,
Criando as religiões, as fábulas, os mitos
Para iludir a dor universal;
Abri os horizontes infinitos;
Bebi o néctar das primeiras taças;
Plasmei os altos símbolos humanos.
Sutilizei o instinto e imaginei o amor;
Fui a força ideal das civilizações!
O gênio transfigurador da História!
O espírito anônimo dos séculos!
E, harmonioso, profético, profundo,
Passei humanizando as cousas pelo mundo,
Para divinizar os homens sobre a Terra!
[In Luz Mediterrânea, Prefácio de Rodrigo Melo Franco de Andrade, 7a. ed., Martins, São Paulo, 1952, pp. 66-67]
Sobre RAUL DE LEONI
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