A água é funda, a água é funda.
Não tem destino que se pressinta.
(O que nos liga são nossas mágoas
e nossas iras.)
A água é grave, a água é grave.
Não há remorso que a dilacere.
(O que nos liga são nossa fome
e nossa espera.)
A água é pura, a água é pura.
Não há segredo que a deteriore.
(O que nos liga são nossas ilhas
e nossos mortos.)
POEMA AGRESTE
Não sei por que buscas palavras longas
para as coisas breves que nos assombram.
Não sei por que teces teias enormes
para as incertezas que nos envolvem.
Não sei por que insistes. Não sei porque insistes
cm prender meus passos nesse limite.
[In Amaranto, Coimbra, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1988, pp. 110-111]
Nenhum comentário:
Postar um comentário