POEMAS SELECIONADOS
FRANCIS BACON
Está todo ser vivo
tingido pelo fim. Uma pintura
vermelha no tecido
de momentos obscuros
envolve esta ferida que não cura.
MINOTAURO
Perdeu-se o Minotauro
no próprio labirinto. Agora erra
divino e sanguinário
pelos muros de Creta
na fúria sem caminhos desta Terra.
MNEMOSINE
O que passou perdura
em algum tempo, lugar ou sentimento
ou morreu à procura
de mais esquecimento
do que permite a humana desventura?
na fúria sem caminhos desta Terra.
AGOSTINHO
Jamais cidade alguma
extinguirá, sedentária, tua fome:
as cidades (as duas,
a de deus e a dos homens)
pouso não te darão, pois não tens nome.
CONRAD
l.
O limite de sombra.
Obrigado a abrigar
o inimigo mortal dentro do peito
na luta desigual o destino antevês
de um ser que ser mortal o fez perfeito.
II.
Água parada, o rio
move o dorso do ar rumo ao obscuro
abismo sem destino.
A treva não tem rumo
e o próprio sangue flui sob este luto.
[In Suplemento Literário de Minas Gerais, Belo Horizonte, Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, edição 1.353, p. 15]
Rogerio Luz (Rio de Janeiro, 1936), poeta, artista plástico e ensaísta, com trabalhos publicados nas áreas de estética, psicanálise e crítica de arte, foi professor universitário na UFPb, UFF, UFRJ e UERJ. Publicou, além de poemas em revistas e coletâneas, os seguintes livros de poesia: Diverso entre contrários (Rio: Contra Capa, 2004), Correio Sentimental (S.Paulo: Giz Editorial, 2006) e Escritas (Goiânia: Editora UFG, 2011).
segunda-feira, 9 de junho de 2014
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