domingo, 12 de outubro de 2014

Alejandra Pizarnik

ANÉIS DE CINZAS

A Cristina Campo

São as minhas vozes a cantar,
para que eles não cantem,
os  amordaçados na cinzenta aurora,
vestidos como pássaro desolados na chuva.

Há, na espera,
um rumor lilás a quebrar-se.
E,  quando chega o dia,
uma rebentação do sol em pequenos sóis negros.
E quando é noite, sempre,
uma tribo de palavras mutiladas
busca asilo em minha garganta,
para que eles não cantem,
os funestos, os donos do silêncio.

[Tradução do espanhol - Alejandro Carvajal]


Um comentário:

Ricardo Mainieri disse...

Ana Maria Ramiro tinha me apresentado esta escritora argentina. Neste poema, metáforas raras e uma atmosfera onírica. Versos de uma beleza crepuscular como: "uma tribo de palavras mutiladas/busca asilo na minha garganta," Poderosa!

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