Rio abaixo esta escuridão
me traspassa o coração,
afunda sua garra metálica.
Afiadas suas facas
congela qualquer tentativa
de luz, qualquer anuncio
de bálsamos.Girassóis,
vitrinas rivais,
redemoinhos de água sem luz
me acossam, me escudam,
covardes os negros
minhas mãos abandonam.
Paralisados os passos, a lua
de costas balanceia algo
inalcançável. Rio abaixo me
afundo sem ver meu reflexo,
Só sinto o trafegar
da negrura
sobre meu desejo.
Um ronco tocar minhas células
– atadas, amordaçadas –
até que grito. E
com toques agudos
descomprimo meus nervos:
é quando te abandono.
RACHADURA
Rasga-se uma superfície, mas ninguém sabe,
o cume está na própria textura e não há quem o advirta.
No sumidouro há milímetros expandindo-se
inutilmente, agitam-se as formas espaciais no
reflexo da rachadura, em sua vertedura, em seu derramar-se todo
no vazio. Aí estão as pegadas buscadas, nessa inecessária
corrente de miligramas que vão se incrustando de migalha em migalha.
Impera daí o precipício, esquece o barranco, a escarpa;
nas imundices está a catástrofe, o despenhadeiro inicia em sua desfase,
na monstruosa engrenagem da matéria. Aí está você.
[Tradução: Prof. José Pires Cardoso].
SOBRE SILVIA EUGENIA CASTILLERO
Jaya Suberg |
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