QUARENTENA PARA MURILO MENDES
minha cura é tua intoxicação
as convulsões do fogo
teu florilégio
superelâmpago âmago
artífice da bomba anticorpo
desbravador do covil
coagulado
antena entre anteras
teu verbo
transistor
instaura a
vanguarda do espírito
sobre a carne flácida
dos temporais
militante poliformo é
meu mestre na arte de
gerar
eletricidade sob
a massa atmosférica
do papel
leopardo
quarenta dias de reclusão em ti
e me renasço de cinzas
xantófilas
magnéticas
ama-de-tua-láctea
etérea
estática
AFORISMOS DE PAPÉIS PARDOS
para cruzar em um microssegundo
a idade média até a do ouro
é preciso a marcha
ondulada, o couro transparente,
os olhos de todos os bichos
no ventre felígneo
o fósforo branco dos ossos
em avalanche
somática
a ira de uma pena supersônica
no alfabeto do radar
fulgurito de boitatá
no invólucro do papel leopardo:
virá, virá
ps: decorar todas as
cartografias,
antes de deitar, para se perder nos sonhos
Fonte: Revista Cult
Lesser Ury |
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