Já nem sei quando, mas uma vez disseste
algo sobre a noite, algo acerca
dos poderes da escuridão.
e tuas palavras, tão estranhas a ti,
tão diferentes de tua essencial e conhecida luz,
fizeram-me recordar os longos anos
que o presente demorou para amadurecer.
Houve um tempo anterior. Houve uma ausência
de sol acariciando os sítios
que me ofereceram depois sua verdade mais profunda.
E foi lento o acaso. E foram lentos
os toscos argumentos da dor,
os olhares oblíquos da sombra.
Agora escuto o som claro que na manhã
ergue-se sobre os corpos, as paisagens
que antes foram escuras.
Diante de meus olhos brilham
realidades distintas, que hoje compreendo.
Mas quando a tarde se aproximar das confusas
e trágicas cores de seu fim,
talvez ouça de novo a voz que havia esquecido
e tenha de encontrar outras razões
para pensar que tampouco isso é verdade.
Aos 16 de dezembro de 1976
[Tradução de Adriano Winter]
Douglas Kriezel |
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