domingo, 9 de novembro de 2014

Paulo José Miranda

Ó hora de patas longas
E olhos grandes sem pálpebras onde descansar
Corpo coberto de escamas prateadas
Que fazem brilhar os mortos recentes no meio do mar
Ó hora guerreira e bárbara
Que deixas escorrer fogo pelos cantos da boca
Lembrando os corações jovens quando se encontram
Nas ruínas dos casebres mais distantes
Ó hora peçonhenta e vil e traiçoeira
Que arrastas com as vidas para o fundo
Dos rios mais rápidos e profundos
Onde a morte adormece devagar a um canto qualquer
Ó hora que levas e trazes os carros
Cheios de pessoas e mercadorias e suas expectativas
E pulsas no interior do sangue de todos nós
Como uma bomba humana
Ó hora que cais do céu sobre vida de alguém
Agarras numas pernas e vais a algum lugar
Como és parecida comigo aqui e agora
Lembrando o tudo que fui, o nada que sou, o tudo por ser
Ó hora que tudo fazes e tudo deixas por fazer
Porque aterrorizas tanto aquele que por enquanto é
Se assim como Deus tu não existes e a tudo dás existência
Porque mostras os dentes sem dizer porque és e ao que vieste
Ó hora que passas e não passas
Enquanto eu espero

(Inédito)

By  Linda Vachon




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