sábado, 27 de dezembro de 2014
Dora Ferreira da Silva
APOLO
Na ilha, sob a única palmeira, veio à luz
que se ofuscou, embora os anéis de seu cabelo
fossem negro-azulados. Cisnes, seus pássaros;
lira e flauta, brinquedos; e jovens atônitas com seu brilho divino,
fugitivos amores, em flores e arbustos transformados.
Dominou as trevas, sem que os braços brancos se crispassem
ao desferir as setas, célere seguido pela matilha dos presságios.
Eis que me designas, deus, para teu culto na manhã
que desdobra a túnica. Cigarras vibram à tua passagem
e pássaros cedem ao canto grácil, ouvindo-te chegar.
Porte de cipreste, olhos de azul profundo,
traças caminhos no Jônio Mar e às ilhas da Perfeição te achegas
e às claras fontes.
Alguns celebram ainda teu rastro iluminado
e outros nomes dão à beleza nascida
na ilha abraçada pelo Mar.
APOLO HIPERBÓREO
Ele ama a distância além do inverno,
onde não declinam a luz radiosa e os cantos.
Quando se afasta, pássaros silenciam e a fonte
em Delfos quase se extingue. Lobos uivam.
Imensa é a noite fria em sua ausência.
Mas ouve! O jubiloso peã de novo repercute
nas pedras brilhantes. Corpos e olivais dourados
revivem na dança: o Citaredo retorna coroado de folhas.
[In Hídrias, São Paulo, Odysseus, 2004, pp. 36- 37].
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