NÃO CHEGUEI A TEMPO
Não cheguei a tempo em Treblinka
atrasei-me uns cinquenta anos
as árvores nuas pois era outono
e eu queria fugir de uma vez
pois lá estava, como uma réplica, o trem enferrujado
e os murmúrios quietos da floresta.
Era o vazio: belo, cinzento e plácido
só o vento tocava a terra e as árvores
as pedras e nós
apagando as velas
uma a uma.
E Dita disse – veja só, que coisa boa que você se atrasou
e agora é a minha velha mãezinha e me abraçou com força
e sorriu com tristeza.
VELHICE
Com interesse e medo
como numa mata virgem
entro na velhice.
Um caminho íngreme
que inevitavelmente leva
para baixo.
Não tem volta.
Nada pode ser corrigido.
Em cada esquina espreita uma emboscada
Na sombra de cada samambaia – um abismo.
Já é o juízo final?
Eu desapareço e tudo continua
como se nada acontecesse
sem mim
Irit Amiel, nasceu em 05 de maio de 1931 em Czestochowa, Polônia. Poeta, escritora e tradutora judia, duas vezes indicada para o Prêmio Literário Nike.
[Fonte: Blog Escamandro
tradução de Luciano R. Mendes]
quinta-feira, 4 de dezembro de 2014
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