segunda-feira, 13 de abril de 2015

Leandro Rodrigues

1
ISADORA DANÇA
Isadora Duncan
mesmo morta
ainda dança na contra-luz
da Lua.

Isadora ousa precipita-se
num passo solto
e profundo
padedê-precipício

Então salta num voo
livre tênue
em slowmotion-pasodoble
frágil-infinito.

2
A POETA
              Para Ana Cristina César

Dizem que esta noite
é póstuma/ compulsória
Em sua fragrância
e Invento.
Na armação metálica
de desilusão e medo.
Nas asas do anjo parafusadas
manchadas de sangue a óleo
Apoiadas sobre os ciprestes
ou parapeitos.

Dizem que esta noite
é mórbida/ tísica/ essência
Nas palavras atadas
ao limbo/ ao vento
No clamor do sexo
exposto/ de chumbo
na prateleira dissolvida/ resolvida.

Dizem que esta noite
uma poeta súbita
se atirou
de uma centena de métricas
Numa cidade longínqua
sem escadas
entre a chuva que caía torpe
e os sinais pontuais de trânsito:
Um filete de versos
ácidos escorria
pelo canto de sua gengiva.

3
AO MEIO
meio-dia
a vida ao meio
o sol ardendo inteiro.




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