quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Ana Miranda

No tempo em que eu tinha quintal
Foi quando eu era menina
Tinha pai e um desespero
De desbravar este mundo
Mas ele me desbravou
E mansa do coração
Mas brusca na atitude
Na aptidão messalina
Ferindo por ser ferida
Perdendo por ser perdida
E encontrada depois
Vivendo meus pesadelos
Numa pena e num tinteiro
Na barra do meu vestido
Na juventude das coxas
Na inocência esquecida
Nas roxas saias de Deus
Ah quantas vezes fui rude
Ah tantas vezes fui má
Tudo passa tudo passa
Não passa o que eu desejar
A menina tão afoita
A menina tão aflita
Às turras com o destino
Como fosse condenada
A um nunca desistir
Flor de uma obsessão
Flor da paixão ardente

[In Prece a uma aldeia perdida, Record: São Paulo, 2004, p. 107]

SOBRE ANA MIRANDA

Simon Shawn Andrews

Nenhum comentário:

Fernando Paixão

  Os berros das ovelhas  de tão articulados quebram os motivos.   Um lençol de silêncio  cobre a tudo  e todos. Passam os homens velho...