SAUDAÇÃO A NIKOS KAZANTZAKIS
Meu amigo e eu na Montanha Santa, pelas ladeiras eternas, sós ao amanhecer enquanto se desfaziam pela primeira luz as belezas que a chuva espalhou.
Respirando profundamente víamos até lá embaixo onde brilhava oculto, pálido, o largo mar, e nossa mente, como a poderosa copa do pinheiro
se regozijava na completa calma, na bendita fragrância do monte, e pelo frescor que sentíamos até o interior de nosso jovem coração ressuscitado...
Nas testas, nas mãos, sobre todos os nossos membros, brilhava serenamente a sossegada força que conheceu o mel da criação, e voltando de novo ao passar por onde se sorveu, ou se amamentou em tudo a alegria mística, fazia-nos elevar os braços como se fossem asas
em direção a um inefável culto...
Magna graça sobre ele ia derramando o robusto
e irrigador manancial da solidão, e insone em seus olhos negros uma alma pensante
se alegrava, sagrada e amplamente, de abraçar de dia os céus ocultos, e como uma fonte em sua fundura de abraçar em segredo a formosa maturidade da mente...
Alto e silencioso nos rodeava como um ciclópico muro; e de repente, sossegada, tal como água fluente, quando sem cessar chega um sussurro,
A voz de meu amigo soou em meus ouvidos: “Irmão, bendita seja a hora em que tomei a trilha,
a odorífica trilha que se afasta do povoado, e te encontrei tal asceta
debaixo daquele pinheiro, gozando o místico festim da mente, e ali, já juntos,
repartimos como pão
a alegria do céu cheio de estrelas...
10 de outubro de 1921
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