quinta-feira, 12 de setembro de 2019

Nuno F. Silva

QUARTO MINGUANTE

A madrugada,
essa lembrança
brutal
de que sou
apenas um nome
Invertebrado
que transita
daqui para ali.


E estorva
nas outras
bocas


Tenho a certeza que
se ouviria o pulso
sanguíneo das coisas
cardeais,
se as cabeças
estivessem limpas
da caspa do dia
anterior.


Não te assustes,
cada nome amado
é desde o início
uma cicatriz feita à gadanha
no instinto reptil da língua.


Eu dou o meu corpo
como albergue
a quem tem medo da noite.


Sou com quem eles falam
sobre os estrangeirismos
da solidão,


antes que amanheça
e não lhes seja permitido
segredar mais nada.

(Inédito)



Nenhum comentário:

Rosa Alice Branco

  A Árvore da Sombra A árvore da sombra tem as folhas nuas como a própria árvore ao meio-dia quando se finca à terra e espera co...